Rants

Uma colectânea de factos duvidosos e inutilidades.

Chaimite Wars

The Bravia Chaimite was one of the few Portuguese-made armoured vehicles to ever be produced. It was instrumental in the Colonial War and became a symbol of the 1974 Carnation Revolution.

I’ve been modelling one using Blender. Having very little background in 3D design, it cost me a little to follow the learning curve. I eventually managed to produce the model in the images. I am pretty happy about it. You can see it in action in a jMonkeyEngine scene just below.

I still have to model the turret. More news soon, I hope.

Porquê Os Chineses?

De tempos em tempos, deparo-me com um ou outro artigo de opinião que me faz levar as mãos à cabeça em descrença. O último de tais casos foi um artigo de João Paulo Vilas-Boas, Professor Catedrático de Educação Física na Universidade do Porto, no jornal Público, intitulado “Porquê os chineses? Porque não os portugueses?”. Ao contrário do que pode parecer à primeira vista, este artigo não versa sobre a venda da EDP a uma empresa pública do país da grande muralha. É, em vez disso, um exercício de compreensão sobre as razões pelas quais a China ganha muitas mais medalhas olímpicas do que Portugal.

Ora, eu pensei que o dito artigo se limitaria a um desculpabilizar dos esforços portugueses quando em comparação com uma potência mundial emergente com uma população desproporcionalmente maior e um regime político que desde o princípio colocou bastante ênfase no desporto como instrumento de integração e de propaganda. Muito me enganava eu: João Paulo Vilas-Boas não só não admitiu tão claro facto, como se deu ao luxo de o descartar por completo. Mas comecemos pelo princípio…

Logo no segundo parágrafo do artigo, encontramos uma afirmação de cariz dúbio:

Logo os chineses, que foram trazidos para o mundo moderno exactamente pelos navegadores portugueses… Porque será?

Primeiro, dizer que os portugueses trouxeram os chineses para o “mundo moderno” é quase tão absurdo como alegar que Vasco da Gama descobriu a Índia. Marco Polo chegou à China bem antes dos portugueses, e também outros menos conhecidos o fizeram. Não vou retirar ao meu país o crédito de ter promovido o contacto com regiões do globo há muito “esquecidas” pelos ocidentais e de ter descoberto (ou às vezes redescoberto) melhores formas de as alcançar, ou até noutros casos de serem os primeiros europeus a pisar o solo de mundos desconhecidos (como foi o caso do Brasil)… mas esta ideia de que Portugal levou a luz da modernidade a terras longínquas tem um leve odor a mofo. Até porque através da China veio o chá, a pólvora e muitas outras coisas sem as quais a nossa “modernidade” seria irreconhecível.

E continua…

Porque será que Portugal não consegue ser uma potência desportiva, a não ser esporadicamente ou em nichos muito particulares? Será que é por sermos pouquinhos? Mais pequeninos? Mais ocidentais?

Sim! Espera… “mais ocidentais”? Como se os americanos não se fartassem de ganhar medalhas?

Vamos lá ver. Fui à Wikipedia (juro que, ao contrário de muita gente nos media, já lá vou há muito tempo) e descobri que Portugal ganhou um total de 22 medalhas nas olimpíadas, enquanto a China perfez (à hora em que escrevo este artigo) o impressionante número de 385, ou seja, cerca de dezassete vezes mais. Facto curioso? A China tem 140 vezes a população portuguesa. Isso quer dizer, teoricamente, 140 vezes o número de atletas de nível olímpico e 140 vezes a probabilidade de ganhar uma medalha - isto sem contar que, como já referi, o estado Chinês promove o desporto como componente essencial do programa educativo. Dito assim, não parece que estejamos tão mal.

Não! Não é por sermos menos (quantos são os suíços, ou os holandeses e outros tantos?) e menos altos.

Citações? Factos? Eu pelo menos apresentei, acima, as minhas contas de merceeiro. Sim, podíamos ganhar mais medalhas, se nos dedicássemos mais a um ou dois desportos em particular. Não estou em desacordo nesse ponto, há países de dimensão compararável à nossa (Suíça e Holanda) que conseguem muito melhor. Mas é tudo uma questão de tradição e cultura: por aqui as pessoas gostam de futebol e acham a canoagem pouco interessante, ou a ginástica artística difícil de entender.

É esse o valor educativo do desporto! Foi esse o valor que alguém quis enaltecer com a modernidade (tardia) da Educação Física e o desporto escolar e foi esse valor que, aqui e ali, na escola e na família, foi comprometido pela tentação (“pós-modernista”?) dos facilitismos pedagogicistas então já fora de moda, disfarçados de uma quase séria “centração-no-aluno” e “protecção da criança”. É exactamente esse valor que o senhor ministro da Educação, ao invés de valorizar, quer agora arrumar de vez ao deixar “isso da ginástica” à consideração de cada escola e sem valor relevante na expressão final do empenho dos jovens.

Vamos ser claros: eu acho que deve haver desporto nas escolas - no entanto, este deve ser facultativo e obviamente sem avaliação. Ou como se pode avaliar a prestação de um aluno numa disciplina em que não se aprende? É possível “estudar” educação física? Pode ser que sim, mas não nos moldes em que ela existe nas escolas. Ou vamos mandar os meninos praticar cambalhotas em casa?

Temos é de corrigir desvios do esperado e continuar a lutar para que todas as famílias percebam que a educação desportiva dos filhos é muito mais do que o combate à obesidade; é a saga pela construção de homens a sério, já que a capacidade de dedicação, sofrimento, respeito e perseverança, necessários para se ser um ás, até na matemática, consegue-se também, ou sobretudo, pelo desporto!

Não vou negar que esta mentalidade de “mente sã em corpo são” possa ser verdadeira até certo ponto, mas no papel de ex-aluno cuja nota mais baixa era sempre a de educação física e que, reconhecidamente, nunca teve a menor vocação para o desporto, discordo em pleno deste raciocínio. Pelos padrões do Professor, a probabilidade de que eu seja, neste mesmo instante, um “homem a sério” (o que quer que isso queira dizer e não deve ser boa coisa porque se ficou por “homens” com minúscula) são reduzidas, até porque as minhas idas semanais ao ginásio se centram exclusivamente em evitar que me torne numa bola de gordura. Pouco idealista, se calhar… mas eu prefiro dizer que sou pragmático.

Que se invista na educação desportiva de forma séria e partilhada por todos e talvez possamos vir a ser “os chineses de amanhã”, no desporto e também na matemática (se possível sem o que de pejorativo esta imagem possa comportar para os mais chauvinistas).

Se calhar valia mais a pena investir em tornar o desporto mais acessível à população em geral, em vez de vir para os jornais propôr programas educativos dignos da ex-URSS. Ser bom a desporto ou a matemática tem muito mais de inato do que possa parecer, e embora o esforço e a perserverança ajudem, não fazem milagres. O que é preciso é dar a todos as condições para que possam desenvolver as suas aptidões naquilo em que são dotados e sobretudo no que os apaixona.

Medieval Mysteries

Dancing mania

Dancing mania (also known as dancing plague, choreomania, St John’s Dance and, historically, St. Vitus’ Dance) was a social phenomenon that occurred primarily in mainland Europe between the 14th and 17th centuries. It involved groups of people dancing erratically, sometimes thousands at a time. The mania affected men, women, and children, who danced until they collapsed from exhaustion. One of the first major outbreaks was in Aachen, Germany, in 1374, and it quickly spread throughout Europe; one particularly notable outbreak occurred in Strasbourg in 1518.

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Pied Piper of Hamelin

The Pied Piper of Hamelin (German: Rattenfänger von Hameln) is the subject of a legend concerning the departure or death of a great many children from the town of Hamelin (Hameln), Lower Saxony, Germany, in the Middle Ages. The earliest references describe a piper, dressed in multicolored clothing, leading the children away from the town never to return. In the 16th century the story was expanded into a full narrative, in which the piper is a rat-catcher hired by the town to lure rats away with his magic pipe. When the citizenry refuses to pay for this service, he retaliates by turning his magic on their children, leading them away as he had the rats. This version of the story spread as a fairy tale. This version has also appeared in the writings of, among others, Johann Wolfgang von Goethe, the Brothers Grimm and Robert Browning.

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Resgates Especiais

Primeiro, as notícias do resgate, e depois, Rajoy apresentando-o como uma vitória. Não deixa de ser curioso que estejamos a ver em Espanha o lento repetir do mesmo filme que se passou em Portugal no ano passado. Há, sem dúvida, a diferença de (pelo menos para já) a ajuda a Espanha se centrar apenas nos bancos, mas pergunto-me se tal não será uma mera diferença estética, uma forma de tentar minimizar, no imediato, o impacto que este pedido de ajuda está a ter nos mercados. Pelos vistos, não sou o único a suspeitar da escolha de palavras. E não nos esqueçamos que a espiral crescente dos juros da dívida ganhou com tudo isto nova força e que, a confirmar-se o que já se passou em Portugal e na Grécia, só vai parar quando a dívida espanhola estiver fora do mercado.

Como de costume, no nosso cantinho à beira-mar plantado, vamos a reboque dos senhores a oriente, eternamente os últimos a saber de tudo. Os espanhóis abrem os bolsos a um resgate superior ao nosso, sem por isso verem (pelo menos para já) a troika mandar no rei. Economias diferentes, valores diferentes, é bem verdade - é tudo uma questão de proporção (e a nossa dívida soberana é bem maior) - mas começa a cheirar a merda para os lados de Madrid, e a expressão ganha ainda mais relevo quando apontada ao país das touradas: Bullshit.

Cópia E Pirataria

Eis o pequeno manifesto que escrevi e publiquei no site ”O Meu Movimento” do Governo Português.

Queremos ter direitos na sociedade da informação e uma classe política à altura dos desafios. Contra lobbies, pela liberdade de expressão e partilha.

Os primeiros anos do século XXI viram um crescimento explosivo da Internet e o consequente assumir de um papel de extrema importância na vida dos portugueses por parte das tecnologias da informação e comunicação. Mais do que nunca, a Internet é hoje um meio de comunicação, expressão e de partilha de conhecimento e conteúdos. A par de qualquer grande (r)evolução cultural deve colocar-se uma classe política devidamente familiarizada com aquilo que são os desafios colocados por uma sociedade cada vez mais dependente de conteúdos digitais e com aquilo que são as necessidades de uma população progressivamente informatizada.

Infelizmente, Portugal parece não dispor de uma classe política à altura do desafio e prova disso foi a aprovação no parlamento, por unanimidade, do projecto-lei 118/XII, que pretende taxar, de forma indiscriminada, a aquisição de equipamentos informáticos capazes de reproduzir/armazenar conteúdos protegidos por direitos de autor; ou seja, discos, “pen drives”, CDs, cassetes, leitores de MP3, impressoras e até telemóveis que possam reproduzir áudio/vídeo. A aprovação desta lei significa que a classe política portuguesa, no seu todo, vê com bons olhos que seja imposto aos portugueses (mais) um imposto, este injusto já por natureza. Independentemente do uso que dêem ao seu material informático ou de comunicações, os portugueses ver-se-ão obrigados a encher os bolsos das editoras e dos autores, assim como dos grupos de pressão que os dizem representar. É esta a classe política que temos, que não hesita em taxar uma “infracção” de forma “preventiva”, ainda que na esta não venha a ocorrer, tudo em nome da suposta defesa de um sector que tardou em se adaptar à era digital e que se mantém acomodado a um modelo de negócio completamente desadequado aos nossos dias.

A possível adopção do acordo ACTA, cuja discussão pelo Parlamento Europeu se avizinha, só deixa prever que no futuro os cidadãos portugueses poderão vir a ser penalizados duplamente em caso de infracção ligada aos direitos de autor: afinal, estes já são presumidos culpados desde o início e já pagaram pelos seus actos. Este movimento pretende sensibilizar a classe política para as questões ligadas ao direito digital, à sociedade da informação e à partilha de conteúdos através de redes informáticas.

É nosso objectivo que se criem condições para que os órgãos de decisão do nosso país decidam o futuro do mesmo tendo em conta a era em que vivemos, as tecnologias que nos rodeiam e as consequências que leis e medidas como as que mencionamos acima podem ter no nosso desenvolvimento social, tecnológico e económico. Não queremos um Portugal unicamente a reboque das políticas tecnológicas de outros estados, não queremos um Portugal em que se reprima a partilha de conteúdos culturais/educativos em nome de modelos de negócio, e não queremos um país parado no séc. XX que aplica os princípios de há vinte anos aos problemas de hoje. Propomos que se criem organismos independentes que possam aconselhar os deputados e o governo acerca das questões supramencionadas e que estes sejam constituídos por autores, editores, associações de consumidores, especialistas em direito digital, tecnólogos e todas as partes cujos interesses estejam envolvidos, independentemente das suas opiniões ou poder económico. Só com uma opinião informada as decisões correctas podem ser tomadas, e no nosso entender a classe política portuguesa tem ainda muito trabalho pela frente.